Vamos relembrar um pouco…..
Grandes feitos: Campeão da Copa da UEFA (1988-1989), Bicampeão Italiano (1986-1987 e 1989-1990), Campeão da Copa da Itália (1986-1987) e Campeão da Supercopa da Itália (1990).
Time base: Giuliano Giuliani; Renica, Ciro Ferrara, Corradini (Baroni) e Francini; Alemão, De Napoli, Luca Fusi (Crippa / Francesco Romano) e Maradona; Carnevale (Giordano) e Careca. Técnico: Ottavio Bianchi (1986-1989) e Alberto Bigon (1989-1990).
“Maradona comanda o espetáculo”
A Itália foi o grande centro das estrelas do futebol na segunda metade da década de 80 e início da de 90. Equipes como Juventus, de Platini, e Milan, de Baresi, Maldini e o trio holandês Rijkaard, Gullit e Van Basten davam shows de bola não só no país da bota, mas também no continente (e até no Japão…). Porém, uma equipe pequenina do sul da Itália teimou em fazer parte do rol das potências a partir de 1986 com ninguém mais ninguém menos que Maradona. O argentino, que já era uma estrela em ascensão no futebol, ganhou o status de gênio do esporte com as épicas apresentações vestindo a camisa celeste do clube napolitano. Maradona levou uma equipe de pouca expressão na Itália ao topo com conquistas fantásticas como a Copa da UEFA de 1989, dois Campeonatos Italianos (1987 e 1990) e uma Copa da Itália. Mas não foi apenas Dieguito que brilhou. Ele esteve muito bem assessorado com craques do naipe de Ciro Ferrara, De Napoli, Alemão e o gênio da grande área Careca. As exibições do Napoli daquela época tornaram o time conhecido mundialmente, além de gerar milhares de novos torcedores à equipe. Também pudera: ver aos finais de semana os shows de Maradona e Careca era mesmo incrível.
A chegada do craque
Maradona estava em baixa no ano de 1984. O jogador protagonizou uma briga generalizada na final da Copa do Rei daquele ano, contra o Athletic Club, enquanto ainda era jogador do Barcelona. O episódio rendeu três meses de suspensão a Maradona, o que culminou com o descrédito da diretoria, que logo aceitou uma oferta do pequeno Napoli da Itália, para onde Maradona iria naquele ano. O argentino se revoltou pela falta de apoio da diretoria nos tribunais para amenizar sua pena, e percebeu que seus dias na Espanha estavam terminados. Porém, o episódio foi bom para o Napoli. Afinal, Maradona queria provar seu valor de uma vez por todas.
A chegada de Maradona ao estádio San Paolo, em Nápoles, foi em grande estilo, de helicóptero, e logo foi tido como rei. Na cidade italiana, Maradona viveria os melhores anos de sua vida como jogador.
Franca ascensão
Nos dois primeiros anos com Maradona no time, o Napoli não conquistou títulos, mas passou a ser mais respeitado e a frequentar o pelotão de frente do Campeonato Italiano. A equipe encarava de igual para igual as potências Juventus, Inter, Milan e Roma realizando boas partidas. O time formado pelo técnico Ottavio Bianchi ainda não era brilhante, mas já dava mostras que seria um dos grandes muito em breve com ótimos jogadores como Ciro Ferrara e De Napoli, até que na temporada 1986-1987 começaria uma incrível era de conquistas.
O primeiro scudetto e o “double”
Com uma equipe entrosada e muito bem arrumada, capitaneada, claro, por Maradona, o Napoli surpreendeu a Itália e conquistou seu primeiro título nacional, deixando para trás a Juventus, a Inter e o Verona, respectivamente. A equipe celeste terminou a competição com 42 pontos, com 15 vitórias, 12 empates e apenas 3 derrotas. Os destaques ficaram para as vitórias sobre a Juventus (2 a 1 em Nápoles e 3 a 1 em Turim) e Milan (2 a 1 em Nápoles). A equipe fez valer seu domínio no estádio San Paolo e ficou invicta na competição jogando em casa.
Para coroar uma temporada mágica o time ainda venceu a Copa da Itália ao bater a Atalanta nos dois jogos da final: 3 a 0 em casa, gols de Renica, Muro e Bagni e 1 a 0 em Bergamo (gol de Giordano). Porém, a equipe passaria a ser realmente “mágica” com a chegada de um jogador: Careca.
Agora sim, uma equipe ma-gi-ca
No verão de 1987 o artilheiro brasileiro Careca deixou o São Paulo (então campeão brasileiro) para realizar o sonho de jogar ao lado do argentino Maradona. O craque passaria a integrar um trio de ouro da equipe que ganharia o apelido de ma-gi-ca (Maradona, Giordano e Careca). Ambos foram cruciais para as exibições magníficas do Napoli e garantia de casa cheia no estádio San Paolo. Mesmo assim, o trio não conseguiu dar o bicampeonato em 1987-1988 para a equipe, que viu o Milan (que começava a construir seu épico esquadrão) levantar a taça. Maradona anotou 15 gols e mostrava cada vez mais ser a alma do time. O vice-campeonato garantiu o Napoli na Copa da UEFA de 1988-1989.
Tinindo e com tudo
Com outro reforço brasileiro (o volante brasileiro Alemão) o Napoli estava em seu auge na temporada 1988-1989. O time era, ao lado do Milan, a principal equipe da Itália. Os jogos entre os dois times simplesmente saíam faísca e eram recordes de público e audiência em toda a Europa.
Antes dos embates no Campeonato Italiano, o Napoli partiu em busca de sua maior glória na Copa da UEFA. A equipe passou pelo PAOK (GRE) por 1 a 0 e 1 a 1 na primeira fase, eliminou o Lokomotive Leipzig (ALE) ao empatar o primeiro jogo em 1 a 1 e vencer o segundo por 2 a 0, e deixou para trás o Bordeaux (FRA) ao vencer por 1 a 0 os franceses fora de casa e empatar sem gols em Nápoles.
Nas quartas de final, um duelo de tirar o fôlego contra a Juventus. No primeiro jogo, em Turim, vitória da Juve por 2 a 0. O Napoli precisava derrotar a equipe alvinegra por três gols de diferença se quisesse chegar à semifinal. Foi então que o time celeste sufocou o rival e marcou com Maradona e Carnevale, levando a partida para a prorrogação. Quando tudo encaminhava para os pênaltis, Renica fez o terceiro gol do Napoli, garantindo a vaga para a semifinal.
Na final!
Para ser grande e fazer história uma equipe precisa encarar (e vencer) titãs do futebol. E o Napoli teve outro páreo duro nas semifinais: o Bayern München. No primeiro jogo, em Nápoles, Careca e Carnevale fizeram os gols da vitória da equipe napolitana por 2 a 0. Na volta, em Munique, Careca abriu o placar para os italianos, aos 61´, mas Wohlfarth empatou dois minutos depois. Aos 76´, Careca marcou mais um e Reuter, aos 81´, empatou o jogo: 2 a 2. O Napoli, quem diria, era finalista da segunda maior competição da Europa.
Para fazer história
A Copa da UEFA de 1988-1989 foi decidida entre Napoli e Stuttgart (ALE). Naquela época, a final era composta por dois jogos e não apenas um como hoje. O Napoli fez o primeiro jogo em casa, no estádio San Paolo tomado de gente. As estrelas do time marcaram (Maradona e Careca) e os italianos venceram por 2 a 1. Um empate bastava para o Napoli conquistar seu primeiro título europeu.
Reis!
No segundo jogo, na Alemanha, Alemão abriu o placar aos 18´para o Napoli. O jovem Klinsmann empatou para o Stuttgart aos 27´. Aos 39´o zagueiro Ferrara deixou o Napoli em vantagem novamente. Aos 62´, Careca mostrou seu faro matador e decisivo e marcou o terceiro: 3 a 1. O Stuttgart parecia vencido, mas ainda encontrou forças para diminuir (gol contra de De Napoli) e empatar (Olaf Schmäler), mas era tarde.
O Napoli era campeão da Copa da UEFA e conquistava seu primeiro título continental, algo que nem os rivais Roma ou Lazio haviam conseguido. Era a consagração de uma equipe que jogava sob os dotes do gênio Maradona e contribuições precisas e exuberantes de Careca, Ferrara e Cia. O que poderia ser melhor?
Bicampeões nacionais
Além do título da Copa da UEFA o Napoli faturou o bicampeonato italiano na temporada 1989/1990. O time ficou apenas dois pontos a frente do vice-campeão Milan. Nesse campeonato, o Napoli venceu o time rossonero por sonoros 3 a 0 em uma de suas grandes exibições. Maradona anotou 16 gols na competição.
Ainda em 1990, o craque ajudou o Napoli na conquista da Supercopa da Itália com um show pra cima da Juventus de Roberto Baggio: 5 a 1, com dois gols de Silenzi, dois de Careca e um de Crippa. Ali, porém, seria o último grande momento do clube celeste.
O fim do melhor Napoli de todos os tempos….
Maradona foi pego em um exame antidoping por uso de cocaína em 1991 e suspenso por 15 meses, além de ter o nome ligado à Camorra, a máfia napolitana. Tempo depois, o jogador deixou o Napoli e a equipe passou a cair consideravelmente de produção. Sem seu maior astro, o time napolitano não foi nem sombra do esquadrão que encantou a Itália e o mundo com exibições tão grandiosas e bonitas. Terminava ali a saga do melhor Napoli de todos os tempos, responsável por fazer vibrar como nunca uma apaixonada torcida que, de uma hora para outra, teve de se acostumar a gritar “é campeão” quase que anualmente. Era uma maravilha torcer para o Napoli de 1986-1990. Como era maravilhoso ver Maradona e Careca deixando zagueiros, volantes e goleiros estupefatos no chão. Um time imortal.
Os personagens:
Giuliano Giuliani: não chegava perto de outros ótimos goleiros que a Itália tinha no período, mas não comprometeu e esteve presente nas conquistas da Copa da UEFA e do Campeonato Italiano. Deixou o clube em 1990 para jogar na Udinese, onde encerraria a carreira.
Renica: um dos grandes defensores daquele time, Alessandro Renica jogou de 1985 até 1991 no Napoli e participou de todas as grandes conquistas da equipe no período. Marcava gols de vez em quando e esteve presente em mais de 135 jogos com a camisa celeste.
Ciro Ferrara: um dos maiores zagueiros da história da Itália, Ciro Ferrara vestiu apenas duas camisas de clubes em sua carreira: a do Napoli, de 1984 até 1994, e a da Juventus, de 1994 até 2005. É o quarto jogador que mais vestiu a camisa celeste na história (323 vezes) e também um dos maiores ídolos do clube. Referência máxima na zaga da equipe no período.
Corradini: outro bom defensor, Corradini encerrou a carreira no Napoli como campeão da Copa da UEFA e da Itália nos anos de 1989 e 1990. Atuou em 173 jogos pelo clube.
Baroni: Marco Baroni jogou apenas 54 partidas pelo Napoli, o bastante para ajudar a equipe nas conquistas do Campeonato Italiano e da Supercopa da Itália em 1990. Ficou marcado por jogar em diversas equipes da Itália e nunca deixar o país.
Francini: de 1987 até 1994 foram 184 jogos com a camisa do Napoli e ótimas atuações na zaga e no apoio do esquadrão de Maradona. Vestiu a camisa da azzurra em 8 oportunidades.
Alemão: o volante brasileiro que brilhou no Botafogo foi uma das peças essenciais no meio de campo do Napoli campeão da Copa da UEFA em 1989 e da Itália em 1990. Marcou um dos gols da finalíssima contra o Stuttgart.
De Napoli: Fernando tinha até o Napoli no nome e logo se identificou demais com o time e com a torcida. O meio campista atuou em 176 partidas de 1986 até 1992 no time celeste e foi uma das peças essenciais que ajudaram Maradona a ter a liberdade no ataque que tanto o consagrou. Vestiu a camisa da Itália em 54 partidas.
Luca Fusi: outro bom meio campista do Napoli, Fusi ajudou a equipe nas conquistas de 1989 e 1990. Não brilhou como Alemão e De Napoli, mas teve sua importância na equipe.
Crippa: determinado e muito competitivo, Massimo Crippa jogou 150 partidas pelo Napoli e teve sua participação nas conquistas da equipe de 1988 até 1990. Fez um gol na goleada de 5 a 1 sobre a Juventus na final da Supercopa da Itália.
Francesco Romano: o Napoli adorou ter ótimos meio campistas em seu timaço, e Romano foi mais um deles. Compôs ao lado de Alemão, De Napoli e Crippa uma linha de respeito e alternava na titularidade com outros jogadores (como Fusi). Jogou na equipe de 1986 até 1989, a tempo de faturar a Copa da UEFA.
Maradona: o que dizer do melhor jogador da história da Argentina, que fez um time mediano virar um dos esquadrões mais temidos do planeta? O que “Dieguito” jogou com a camisa do Napoli não está escrito. Fez golaços, protagonizou lances fantásticos, driblou tudo e todos, foi capitão, deu passes açucarados, marcou gols, muitos gols e foi referência máxima do time celeste. Sua importância foi tão grande que demorou 22 anos para o Napoli vencer outro campeonato sem ele (a Copa da Itália de 2012). Ídolo máximo e um verdadeiro deus na cidade de Nápoles, Maradona teve sua camisa 10 aposentada para sempre na equipe italiana. É, também, o maior artilheiro da história do clube com 115 gols. Está marcado para sempre na história do futebol como um dos melhores que o mundo já viu. Foi gênio.
Carnevale: o atacante italiano esteve presente exatamente na era de ouro do Napoli, fazendo dupla de ataque com Careca. Em 105 jogos marcou 31 gols. Venceu quase tudo com o time celeste.
Giordano: era o “gi” do trio “ma-gi-ca” do Napoli campeão italiano de 1987. Muito habilidoso, Giordano marcou 23 gols em 78 jogos com a camisa celeste. Uma pena ter deixado a equipe justo em 1988, ficando de fora da conquista mais importante do período de ouro do time: a Copa da UEFA de 1989.
Careca: um dos maiores atacantes do futebol brasileiro, Careca já havia feito história no Guarani e no São Paulo antes de desembarcar em Nápoles e jogar ao lado de Maradona. Com o argentino, Careca continuou a ser decisivo e genial, sendo a segunda estrela da equipe. É o quinto maior artilheiro da história do clube com 96 gols e um dos heróis na conquista da Copa da UEFA de 1989.
Ottavio Bianchi e Alberto Bigon (Técnicos): foi Bianchi quem construiu e armou o melhor Napoli de todos os tempos e deu à Maradona a liberdade que ele tanto queria para deslumbrar tudo e todos. O treinador ganhou três títulos com o clube: Copa da UEFA, Campeonato Italiano e Copa da Itália. Com sua saída, coube a Bigon manter a vocação vitoriosa da equipe e conquistar o Campeonato Italiano de 1990 e a Supercopa da Itália quando o grande time do país era o Milan de Van Basten (do qual falaremos noutra oportunidade). Ambos foram brilhantes em suas funções e estão para sempre no coração do torcedor napolitano.
FONTE: site Imortais do Futebol
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