Patinhos feios em festa de gala, Taiti e Nigéria duelam no Mineirão
Nigéria e Taiti, às 16h de um dia útil, em Belo Horizonte. O duelo menos badalado desta estrelada Copa das Confederações, nesta segunda-feira, no Mineirão, reúne um campeão africano com um único representante em time de elite (o volante Obi Mikel, do Chelsea) contra uma equipe amadora, que tem apenas um profissional (o atacante Marama Vahirua, do Panthrakikos, da Grécia). Só 17.210 ingressos foram vendidos antecipadamente, menor número da competição. O SporTV e o GloboEsporte.com transmitem a partida ao vivo.
Numa Copa das Confederações com estrelas como Neymar, Iniesta, Suárez, Balotelli, Chicharito e Kagawa, os times de Nigéria e Taiti pintam como os “primos pobres”. São as duas seleções de menor valor no torneio, de acordo com levantamento feito pela Pluri Consultoria. Neymar, sozinho, tem valor de mercado estimado em R$ 191,4 milhões, mais do que o time inteiro da Nigéria (R$ 188,9 milhões). A comparação com o Taiti é ainda mais cruel. O elenco completo desta pequena nação da Oceania é avaliado em R$ 7 milhões – o brasileiro mais “barato” no grupo de Felipão é o goleiro Jefferson, cotado em R$ 11,8 milhões.
Nesse jogo de cifras modestas, Mikel desponta como estrela solitária. Avaliado em R$ 68,4 milhões, é mais caro do que jogadores brasileiros como Dante, Luiz Gustavo, Paulinho e Bernard. Responsável por “carregar o piano” no meio-campo cheio de craques do Chelsea, o volante foi inscrito com a camisa 10 na Copa das Confederações. Será, disparado, o rosto mais familiar à torcida mineira em campo.
Atual campeã africana, a Nigéria já não tem, há tempos, um grupo de jogadores famosos, como Kanu, Okocha e Oba-Oba Martins. O time foi todo reformulado, e ainda corre risco de ser eliminado pela seleção do Malaui nas eliminatórias para a Copa de 2014. No elenco que chegou ao Brasil apenas na madrugada deste domingo, por causa do protesto dos jogadores devido a acerto de premiação no torneio classificatório para o Mundial, oito atuam em seu próprio país, cinco em times do segundo escalão europeu (CSKA Moscou, Dínamo de Kiev, Werder Bremen, Celtic e Sporting Braga) e os demais em equipes de lugares como Chipre, Israel e Noruega, ou de divisões inferiores à elite de Alemanha, Itália e Portugal. Segundo o técnico Stephen Keshi, foi uma opção dele trazer jogadores mais jovens ao Brasil. Mikel é mesmo o único mais conhecido.
Disparidade no ranking
Ainda assim, qualquer resultado que não seja uma vitória confortável dos nigerianos será considerado zebra. A Nigéria é a 31ª no ranking da Fifa, 107 posições à frente do Taiti, que chega ao Brasil credenciado por ser o atual campeão da Oceania, em sua primeira participação em um torneio oficial fora de seu próprio continente. A equipe foi campeã batendo a Nova Caledônia na decisão. E a Austrália? Cansada do nível fraco de seus vizinhos, a equipe da terra dos cangurus decidiu, desde as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, filiar-se à Federação Asiática. Já a Nova Zelândia, outro país da região com um pouco mais de tradição no futebol mundial, foi eliminada pela Nova Caledônia nas semifinais da Copa da Oceania.
Assim, o Taiti chegou ao Brasil. Com camisas floridas, colares de concha, papete (calçado típico da região) e uma única pretensão: perder com o mínimo de gols possível. Vale lembrar que a maior goleada da história da Copa das Confederações foi um 6 a 0 do Brasil sobre a Austrália, na final do torneio de 1997. E Espanha e Uruguai ainda cruzarão o caminho dos taitianos, que andaram perdendo até para o time das Ilhas Salomão nas eliminatórias para a Copa de 2014.
– Somos realistas. Vamos competir contra Nigéria, Espanha e Uruguai. E sabemos que há um grande hiato entre o futebol de altíssimo nível que estas seleções podem fazer e o nosso. Vamos tentar aprender para que possamos melhorar o nosso futebol em 10 ou 15 anos – disse o técnico Eddy Etaeta, que comanda um caminhoneiro e um contador, dentre outros amadores, na seleção do Taiti.
– Não estou dizendo que jogaremos de igual para igual com a Nigéria. Não é provável. Mas mentalmente digo que estamos prontos. Vamos lutar como leões e tentar representar nosso país da melhor medida possível – emendou Vahirua.
Stephen Keshi, técnico da Nigéria, repetiu três vezes em entrevista coletiva na véspera do jogo que “respeita o Taiti” e que “não existe time fraco numa competição como a Copa das Confederações”. Ele admitiu, porém, que conhece “pouco ou quase nada” sobre o adversário.
- Vamos nos preparar para o Taiti como vamos nos preparar para pegar a Espanha, o Uruguai e seja lá quem for o nosso adversário – disse Keshi.
Curiosidade
O Taiti já jogou um torneio de base importante: o Mundial Sub-20 de 2009, no Egito. Na ocasião, os taitianos perderam para os próprios nigerianos. Cinco jogadores do Taiti estiveram em campo naquela partida: Teheivarii Ludivion, Heimano Bourebare, Steevey Chonh Hue e os irmãos Alvin e Lorenzo Tehau. Da Nigéria, nenhum.
Local: Mineirão, 16h (Brasília)
Árbitro: Joel Aguilar, El Salvador
Árbitro: Joel Aguilar, El Salvador
Taiti: Xavier Samin (Mikaël Roche); Vincent Simon, Tamatoa Wagemann, Jonathan Tehau, Teheivarii Ludivion e Edson Lamaire; Lorenzo Tehau, Henri Caroine, Steevy Chong-Hue e Marama Vahirua; Alvin Tehau. Técnico Eddy Etaeta.
Nigéria: Vincent Enyeama; Efe Ambrose, Godfrey Oboabona, Kenneth Omeruo e Uwa Echiejile; John Ogu, Obi Mikel e Sunday Mba; Anthony Ujah, Ahmed Musa e Nhamdi Oduamadi; Técnico Stephen Keshi.
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