quarta-feira, 26 de junho de 2013

Casillas: "Recuperei a felicidade"

No ano em que completou o 32º aniversário, Iker Casillas teve uma temporada bastante incomum. Depois de sofrer uma lesão, também foi colocado no banco pelo treinador do Real Madrid. Assim, ficou fora dos gramados por cinco meses. A experiência foi totalmente nova para o goleiro, capitão e símbolo indiscutível da seleção espanhola.
Casillas só foi retornar aos campos na estreia da Espanha na Copa das Confederações da FIFA Brasil 2013, torneio no qual nenhum outro jogador tem tantas atuações pela própria seleção quanto ele — e também uma competição na qual a Espanha frustrou expectativas há quatro anos. Em terras brasileiras, a poucas horas da semifinal contra a Itália, Casillas aceitou conversar sobre tudo com oFIFA.com.
FIFA.com: Como foi o retorno à titularidade depois de tanto tempo sem jogar? É verdade que encarou como se fosse uma nova estreia?
Iker Casillas:
 Mais ou menos... Não foi algo totalmente novo, mas sim diferente. Após cinco meses, leva um tempo até que as coisas voltem a se ajeitar na nossa cabeça. Por sorte, os meus companheiros e o treinador foram ótimos comigo, e isso também é importante para voltar a começar. O goleiro precisa recuperar a confiança com partidas, com minutos jogados. Sempre que recebemos essa oportunidade e essa confiança, vamos nos encontrando de novo.
Nesse contexto, o que significou para você o primeiro lance em que tocou na bola contra o Uruguai?A primeira ação determina quase sempre o restante de uma partida. Esse contato ajuda a ganhar confiança, e a verdade é que me senti bem sabendo que muitos estariam direcionando os olhares para mim. Mas tentei me abstrair de tudo e pensar exclusivamente em fazer o melhor e colaborar para que conseguíssemos a vitória.
Nos últimos grandes êxitos da seleção espanhola, a foto final mostrava você como o capitão, erguendo um troféu. Em algum momento desta temporada você chegou a pensar que não voltaria a viver algo assim?É evidente que, quando falamos com um médico e ele diz que temos uma fratura na mão, surgem algumas dúvidas, mas felizmente a recuperação levou menos do que o esperado. Além disso, eu sabia que, se não estivesse jogando pelo meu clube, seria difícil voltar à seleção, mas o Vicente (Del Bosque) sempre esteve por perto vendo como estava a minha mão. Felizmente, tudo evoluiu de forma fenomenal. Acho que estou melhor do que antes! (risos).
No entanto, você acabou na reserva depois que voltou para o Real Madrid. Como fez para lidar com essa situação tão incomum para você?Pensando na equipe, no que é melhor para o Real Madrid… Chorei, sofri, passei mal, houve várias noites em que dormi pouco e mal. Sou madridista de coração, o clube está acima de todos, de mim, de treinadores, de presidentes, de diretores esportivos.
Você recebeu apoio público de muitos colegas… Algum deles o surpreendeu em particular?Não, mas muita gente me ajudou a passar por uma situação pela qual eu nunca tinha passado: uma lesão. Além disso, eu sempre tento ser respeitoso. É claro que, quando se tem de ficar sem jogar, como aconteceu comigo, é necessário assimilar, trabalhar, esperar e suportar. Não tem problema.
Chegou a passar pela sua cabeça deixar o Real Madrid?Eu adoraria me aposentar no Real Madrid, mas não vou colocar impedimentos se um dia um treinador não quiser contar comigo. Somente então eu pensaria em outros times, mas repito: o meu objetivo é o Real. Devo tudo a este clube, até a camisa da seleção espanhola que estou usando neste momento.
Falando na seleção, e o jogo contra a Itália? Que importância a Espanha dá a esta Copa das Confederações da FIFA?Damos grande importância, pois, se a Espanha não chegar à final, os críticos dirão que não somos os mesmos de antes. Se ganhar, será apenas o habitual. É uma pressão que nós mesmos criamos nestes últimos anos, mas sabemos que temos de seguir aproveitando. Esta é uma equipe que não se cansa de jogar, de querer ganhar. Acho que hoje somos a primeira potência, mas talvez algum dia fique difícil continuar encantando.
Quanto a essa obrigação de ganhar: o que mudou neste torneio em relação ao de quatro anos atrás, na África do Sul?Esta equipe não tem nada a ver com aquela. Sim, tínhamos acabado de vencer a Eurocopa, mas para muita gente havia sido uma surpresa. Nem nós mesmos acreditávamos no papel que tínhamos naquele momento. Evidentemente, quando se vence um Mundial, o papel muda, e também a mentalidade. Não digo que agora nos sintamos superiores o tempo todo, mas achamos que, com a nossa forma de jogar, podemos conseguir grandes feitos. No momento, estamos convictos do nosso desejo de vencê-la, pois assim essa geração terá conquistado todos os títulos.
Tendo em conta essa frase, você acha que a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 pode marcar o fim de uma era para o futebol espanhol?Temos sorte de os meninos estarem conquistando títulos. Além disso, o Vicente costuma integrar jogadores da sub-21 ao time principal, colocando-os no centro das atenções para que joguem alguns minutos e, pouco a pouco, possam ganhar mais experiência. Também é verdade que o tempo passa para todos: alguns superarão os 30, e outros os trinta e tantos! (risos). Alguns decidirão seguir ou não, de acordo com a nossa mentalidade ou condição física, mas também pode acontecer que a torcida se canse de ver sempre as mesmas caras. O futebol espanhol não deve se preocupar, pois esta nova geração tem toda condição de competir e até ganhar títulos.
Para terminar, pode-se dizer que você está feliz novamente?Na verdade, sim, recuperei a felicidade. A verdade é que ninguém está habituado a viver em um lugar que não conhece. Não foi fácil, mas, depois de quebrar o gelo, sou outro Iker Casillas.

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